domingo, 28 de dezembro de 2008

Melodia


As notas deslizavam com uma delicadeza tão imersa na suavidade que podia ver passar entre os dedos, fazia soar com doçura uma nota a seguir à outra, e sem cansar o meu corpo tornára-se indiferente ao momento e deixaria de existir, agora o essencial eram os meus sentimentos, a razão posta de parte, insensível e orgulhosa, jamais a voltaria a procurar. As lágrimas deslizavam e um novo começo via dobrar-se no meu horizonte, a melodia soava sem pausas, era duma paz, uma harmonia tamanha, o meu corpo não existia, a minha mente envolvida na emoção e no desejo, o estado Nirvana que era tão esperado agarrava-me, e eu, eu ia, lá fora o vento raivoso batia na janela mas aquele piano espalhava aquela melodia delicada por cada canto da sala, a penumbra de cada canto ganhára formas e a música encantava-me, os meus olhos não eram os meus olhos eu era uma força viva, uma recordação, um sonho apagado, uma ferida que ardia.
E deixava -me embalar, ao observar essas mãos hirtas a tocarem com calma e determinação, o meu ser sabia que jamais descobrirão o segredo, aquela sala, aquele espaço, aquela melodia, a minha companhia, e as notas soavam... O segredo habitava todo o espaço que me envolvia, e eu era embalada, deixava-me afectar por cada nota, por cada mistério.

sábado, 27 de dezembro de 2008

Estações


Chuva de Outono que me aquece a alma,

molhas , és fria escorres-me por entre os cabelos,

mas...por baixo de toda essa frieza aconchegas-me,

todo o mistério dessas nuvens cinzentas me seduzem e,

eu pergunto, quem és. Sem obter nunca resposta.


Tantos aromas que me despertam,

quantas flores atraem o incessante olhar,

o vento brando que me invade a alma,

o rio ate então congelado,

agora livre e cristalino renasce,

Primavera maravilhosa, desperta o coração.


O Verão quente e radioso regressa,

o Sol bate na janela e os raios iluminam cada canto de escuridão.

A felicidade habita e os pensamentos despertam,

mas jamais saíram as recordações,

o fresco mar que faz esquecer o medo,

traz ideias de procurar o desconhecido.


Entre a neve que amansa os pinheiros,

a geada que se segura aos ramos,

os pés congelame tudo e tão belo,

um esplendor tão puro,

e aquela nuvem que esconde a Estrela...


De todas estas estações,

retenho a beleza de todas,

sem esquecer o sonho intocável que guardo,

o Outono deu-me a perspicácia,

a Primavera despertou-me a alma,

o Verão que me ofereceu a coragem que escasseava,

o Inverno deu-me a compreensão para o essencial,e o sonho mais desperto...