domingo, 8 de março de 2009

Almas abraçadas contra a morte


Porque nem tudo o que nós desejamos para a nossa vida é a nossa realidade, nem sempre os nossos sonhos se realizam.

Dias que marcam a vida da gente, que deixam as saudades e os desgostos que nos sabem paralisar no futuro e não nos permitem ser felizes. Olho a cidade que dorme junto ao Tejo iluminada pelas tantas luzes que sombrias aclaram as ruas, e lá no Bairro onde muitos afogam as mágoas por instantes, eu deambulo a olhar para o vazio que a minha vida se tornou com esperança que um azul me penetre. A chuva bate-me na cara e trás-me as lembranças que temo constantemente mas, que se arrastam ao longo dos dias, dos meses do ano.

Sei que um dia te lembrarás de tudo, das luzes ao fundo das ruas, por onde estrelas víamos e passos gastámos naquelas ruas, da estação aos autocarros, dos autocarros à estação e nas estradas, na areia que nos conhecia tão bem, naquela praia da Formo.. e dos waff.. que as recordações são capazes de matar. Quando estiveres na cama a olhar para o escuro que o quarto se tornou desde aquele Domingo viúvo, ou quando te lembrares das burrices que já fizes-te ao longo da vida (sem ofensa, (toda a gente as faz)) ou quando não tiveres mesmo ocupações nenhumas vejas que tudo o que tens andado a fazer foi para evitar pensares e sentires e talvez ai vejas que foi um engano e queiras voltar atrás, certamente será tarde de mais, pois fartei de ser um peluche nas tuas mãos que tremiam a cada mentira, a cada desgosto que sem dó fazias.

O sangue que me corre é substituto do que antes me escorria nas veias, que desapareceu tão fugazmente, tão sem piedade.

Se eu pudesse voltar atrás penso eu...mas certamente tudo seria seriamente igual! Das lágrimas que escorreram com tanto sentimento devia te-las guardado todas e um dia entregar-tas, pertencem-te, tu que me roubas-te a alma, o ar e largas-te no primeiro caixote onde juntas-te orgulho e fechas-te sem te lembrares que te era importante, tudo agora se tornou arrasador quase insustentável. Mas tenho de me resignar e com dignidade me levanto perante a tragédia, sei que Não Fui Eu que rompi o mais bonito que podia haver entre dois seres. Não fui, se morrer terei a consciência tranquila.

As coisas vulgares da vida não marcam, mas o que doí o que fora bom em tempos e cessou é que nos vale, faz-me sofrer agora mas um dia olhas para traz e reflectes nas cicatrizes que resolves-te orgulhosamente fazer sem reflectir, ai será tarde demais. Não me orgulho de o dizer, e com lamentos que o digo mas as verdades são ditas custem ou não não me importa, que importa agora? Nada, absolutamente nada, quando olho no espelho não me encontro, não está la nada, nem tu.

secaram as lágrimas e os pensamentos que mesmo permanentes nada posso fazer, deixar-me ir é o melhor, morrer não serve de nada só piora. Tenho medo. Por vezes dou por mim a pensar... e se eras tu? E se nunca mais encontrarei outrem? Mas depois vejo, se fosse isso mesmo não tinhas feito metade, nem nada teria terminado assim. O meu choro e de dor ajudam a desabafar mas não saram. Limitam-se a afogar as mágoas, como se faz com álcool.

Aquela poesia que eu tanto idolatrava e sonhava, que recebia, mas que não durou mais de uns meses, as rosas que escasseavam cada vez mais, as acções decentes desaparecidas, fácil de perceber que tudo se começava a arruinar, mas eu não queria acreditar e num barco deixámos levar, agora será mais difícil e temo que não tenha força para tanto sentimento, mas guerreira uma vez na vida nunca fez mal a ninguém tem de ser penso (suspiro). Palavras tuas sem cor, poesia falsa que me cantas-te?! Puf levas-te a relação como se de uma peça se tratasse. Mas não. Era a Vida Real. Mais tarde essa poesia revelou o que eu tanto temia, as desilusões, mentiras que surgiam, falsas acusações, substituições imperdoáveis e noites de terror, e as nossas almas, amantes, que se abraçavam contra a morte, eu perdi a minha alma se também perdes te a tua, então sei onde a encontrar... Fantasma nesta cidade olho à minha volta amores que sonhava, amores impossíveis e eu sem alma, despida invejo sem querer mal, mas continuo a sonhar com rosas e palavras sinceras, gestos e acções de louvar, um amor cheio de mar salgado e noites vigiadas pela Lua que amo, noites que agora me são fúnebres mas que anseio que sejam repletas de laços fortes e paz.

Talvez não seja contigo que estas ilusões tenham sido destinadas, mas para mim foram, não vou teimar mais num assunto que não dá por mais que eu deseje, mas o que tive contigo foi um suspiro do vento, olho para os 373 dias que nos ligaram e é com pesar que vejo que se num ano esse orgulho e ideias desreguladas não mudaram então jamais mudarão, se existissem Milagres e sinceramente ando a deixar de acreditar em tal coisa, aqui esta tudo, a desistir e a desabar diante da minha pessoa(zinha) que não tem onde se agarrar e perde fome, noites e alegrias que muito desapereçeram. Amei tanto os bons momentos, choro tanto esta morte, recuso este presente e futuro incerto, agarrei tudo com unhas e dentes, sangrei palavras e tentei tanto tanto, tudo em vão? Parece que sim, que desilusão...

Tenho quem me queira mas cega recuso, não me arrependo nada mais vale assim. Hoje nem uma carta, nem a tua alma encontrei à minha espera.