sexta-feira, 6 de fevereiro de 2009

Osj - Parte II




As folhas verdes e sedosas tapavam o sol indomável daquele Junho tão seco, tão positivo que tantas recordações doces trazia nos tempos em que eu usava um colar de margaridas que para mim era um colar feito de pérolas preciosas, já me encontrava novamente em Lisboa e as nuvens eram bem mais limpas e fugazes. Já não havia o vento amigo nem o sussurro das cigarravas que adormeciam nos meus sonhos. Longe daquelas praias imensas e escuras, de céu cinzento e relaxante, agora no coração pequeno que apertava tinha a oportunidade de vislumbrar um novo ambiente de flores brancas e canções alegres das quais me habituara, as borboletas que me encantavam naquelas tardes em que a floresta fazia parte de mim, as aulas de ballet lá continuavam, passo a passo a minha sapatilha aumentava de número e o meu loiro alterou, a minha cara mudou e de um olhar doce e infantil, algo mais austero se formou algo mais adolescente com sentimentos e problemas que ainda hoje penso, uns sorriu e brinco, outros lamento e digo..."se pudesse voltar atrás mudaria", mas, se voltasse atrás e tudo já estivesse ensinado não me prendia tanto e seria indiferente. Digo eu na minha ignorância de humaninha.

Na sala com a minha amiga onde me encontro oiço um violino com uma melodia fantástica... ela no seu piano errava na música mas sem desistir tentava e tentava. As festas e os desenhos alteraram, nos jardins vivi, e as lojas mudei. Os sonhos agrupavam-se e as composições de 4ºano que diziam "quero ser veterinária, actriz, ou pintora..." das músicas passei das Space Girls, para Nirvana e uma vastidão de gostos aumentou ao longo do percurso.

Os grupinhos irritantes formavam-se, nós de chocolate na mão lá corríamos no pátio, os brinquedos que roubavamos uns aos outros e as birras que nos levavam a brigas que causavam muitas negras e se repetiam. Na aula de música que tanto me prendia, o campo de terra onde as amizades desencadeavam por trambolhões...

Todas as manhãs o cheiro que vinha do ar e se espalhava nos pátios, cheiro que ainda agora o reconheço, nessa minha infância e pré adolescência até fui feliz. No refeitório a história de sempre, fugir do empregado que me obrigava a comer a sopa que era intragável. E, de rosto feliz os saltitos na corda, os castigos que tanto me eram impostos nas aulas por falar, quando ia para a rua era do melhor, lembro-me jogava ao berlinde e, e a memória não retêm tudo...

As roupas iam mudando e eu só queria cantar, a tabuada já era e agora ensinaram-me a andar de skate, um tal Pedro que me viu muitas vezes cair... E ria-se! As minhas amigas que de lá ficaram, as justas e verdadeiras sempre me acompanharam passaram 8 anos, e vejo bem as que realmente são amigas, Fi e Ve para começar e outras que sempre guardo no coração, por mais que nos separem sempre falamos e lá vem a lágrima solitária. O acampamento tão importante que nos juntou, seguiu-se outra que ainda hoje passamos dias juntas, mais louca e com ela aprendi uma coisa interessante, fomos a Inglaterra e mais uns para se juntar um grupo amigo que noites de cinema e jantares lá nos ligam em laços.

Claro, no meio uns amigos foram ouros vieram, mas os verdadeiros esses sempre permaneceram. Assim passou um pouco de mim. Que recordo e saboreio! A escola entretanto mudou e com ela o Novo nasceu, presente vivo.

terça-feira, 3 de fevereiro de 2009

Texto-Liberdade


As nuvens lá fora ameaçam a reviravolta do tempo, este frio que se sente entre as malhas do casaco e o céu cinzento porém, o Sol abafa cada ar que me absorve, as folhas tombam das árvores que por sua vez rebolam pelo chão alcatifado de cimento gasto, por onde tantos seres do passado pisaram e que agora eu um ser mínimo ando com desprezo e distraidamente a olhar em meu redor em busca de seres idênticos a mim, que todos procuram alo forte, uma paz concebida em eternas horas ou um simples toque de ternura.

Já o dia finda e no céu o Sol trespassa as nuvens enchendo a felicidade no jardim, lá fora a concentração de seres atinge o passeio e em grupos se estendem na erva a "fazer" uma felicidade enganosa. Mas, que interessa isso? Desde que haja alegria tudo de bom então!

Tenho vontade de sair desta prisão, e deixar para trás o cheiro podre a madeira para sentir um cheiro leve a rosas, olho cansada para a janela e revejo os prédios velhos repetidamente. Já cumpri o meu castigo, mas conscientemente sei que não aprendi totalmente. Agora que vejo os dias que passaram e a hora que tende a cair no relógio, penso ingenuamente em saborear um gelado, refresca-me e voltaram depressa o tempo de felicidade, o Verão e o prazer do mar azul que me encanta com as suas lágrimas. O poeta de olhos azuis teima forçoso em cair e esfregar-se em cada janela, em cada face de raiva, de lamento, de paixão. O poeta devolve-me as saudades até que me adapto a ele, que me beija a testa e como festas desliza-me pela face rosada, com ele aprendo muito, e sei relaxar, uma sensação de feliz liberdade me protege , uma energia e uma paz de espírito tão pura e intensa...

E algo físico me provoca dor. Levanto-me tonta e deparo-me com a Liberdade!

Aquela vida que julguei perdida um dia, que não voltará igual mas diferente e agora melhor do que depender de mim.