segunda-feira, 12 de janeiro de 2009

Açores - Parte I



Tudo começou quando abri os olhos naquela manhã fria dos Açores, naquela pequena ilha nada acontecia, a vida de cada um era a aventura dum povo, todos os dias ia à praia, o frio levava com ele as folhas, o vento era brusco mas tão meigo ao passar-me na face... as ruas que percorria vezes sem conta cansada de tudo aquilo. Não via hora de voltar para o meu Portugal em Lisboa.
Nesse dia como todos os outros caminhei para a minha “escolinha”, minha mãe estava comigo naquele pequeno e belo mundo sei que era belo as gotas de chuva a beijarem as vitrines do meu quarto, todas as noites era assim , raro era o dia em que a chuva não se encontrava na vitrina do meu quarto. O frio trai a saúde dos que desconhecem aquele tempo, como era o meu caso... e eu sofria nessas alturas, a voz desaparecia-me por vezes mas os dias na praia eram tudo, bastava abrir a janela vislumbrava logo um mar vasto e delicado, ao ir em sua direcção passava pelo campo seco de frio, lá existia o meu cão, como dizia repetidamente, era negro como o negro que a areia da praia tinha, era grande robusto pobre de si, sem ninguém sem um companheiro... as vacas e os touros admiravam-se por passar naqueles campos selvagens, mas eu gostava, tinha gosto naquela pequena selva. E assim, mergulhada nestes pensamentos de criança ou mais crescidos que quando dei por mim já a minha mãe tinha retirado a mão da minha e assim me encontrava nos portões da”escolinha”, sim tinha uns quatro anos e sempre disseram “escolinha” e eternamente o ficará. Aquele povo que afinal também é o meu, as panquecas com leite que todas as manhã nos apresentavam eram deliciosas, as brincadeiras naquele jardim gigante, os baloiços e os brinquedos da Disney que nos fantasiavam dias sem descanço, as aulas de música e a pequena igreja que constantemente me ofereçiam o chamado Pão de Deus humm, que bom que era ao fim de tantos anos pareçe que ainda lhe sinto o sabor! As casinhas pintadas de branco e a minha melhor amiga que não se fartava de ir comigo à praia, os jardins com rosas amarelas e vermelhas que sempre foram um sonho que não quero esquecer... tenho saudades um dia tornarei àquela terra que também me criou.
Agora vejo-me bem mais crescida em frente a um computador ofereçido por amor, um amor que talvez terminado deixará lembranças boas e más tal como os Açores deixaram no meu ser.
São nove da manhã e ouço Mariza, olho fora da janela e o tempo frio congela-me os ossos, gostava de mandar uma carta à minha amiga dos Açores, mas ao fim de tantos anos ela já não se deve recordar de mim, nem memórias deve ter dessa infância antiga que guardei para sempre no meu coração.
O que estou para aqui a escrever é como uma regressão ao passado, não a outras vidas mas para mim, o meu passado vale ouro e por mais que me tivesse custado a vive-lo ou tivesse sido a minha maior felicidade ou um simples suspiro que o vento levou, eu jamais o quererei esquecer e se um dia o esquecer contem-me por favor com calma, mas desconheçe-lo não. Faz parte de mim como um orgão meu, um coração, um pulmão.

2 comentários:

  1. Um local que te deixa recordaçoes e um local onde nos os dois um dia poderemos ir passear e recordar para sempre :)

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